mais pra lá do que pra cá

                                                  
Ai, Brasil, que vida maravilhosa. Estar de férias introduz ao mundo uma nova Tetê. Aquela que dorme feito bêbado, e que acorda dos sonhos mais malucos 100% inspirada. Deus é topper.
ACABA NÃO MUNDONES
EU AINDA NÃO VI SHOW DO RAÇA NEGRA

FOBIA

      Jorge, hoje acordei morrendo de medo de morrer. Quase nunca é assim, quase sempre maior é a vontade do que o medo. Mas como eu costumo dizer, você foi o meu divisor de águas. E como se fosse comum, tive um certo pânico de que em um instante eu estivesse viva e no próximo eu poderia piscar pela última vez. Pra não desperdiçar meus preciosos minutos, vou despachar logo algumas verdades em você: quando eu te beijo, todos os momentos são meus últimos. Ou o que eu imagino que seja, ao menos. Um clarão branco, as memórias de uma vida passando fugazes diante dos olhos, uma luz ofuscante que desvenda verdades que enquanto mera terrestre não fui capaz de ver. Eu morro e acordo repetidamente enquanto sua língua descobre cada milímetro de carne da minha boca. Ali, tudo faz sentido, e tudo o que um dia me preocupou, desanuvia minha mente.
      E se eu pudesse te pedir algo, te pediria pra falar comigo. Só pra eu saber o que acontece, e se vai acontecer. Só fala se tá bom do jeito que tá. Isso enquanto você estiver longe, porque perto só quero ouvir safadeza no pé do ouvido. Posso soar audaciosa, mas a verdade é que não quero partir enquanto não escutar passo a passo da destruição que você protagonizará em mim.
      Se eu morrer, de vez, saiba que morri duas vezes ao dia por você. Morri pensando no que seria de nós, morri pensando nos lugares que queria te levar, e naqueles que você já me levou. Morro quando te vejo, morro com cada gesto subentendido, cada palavra subliminar. Morro quando te pego nas mãos geladas e morro quando me encosta nos lábios sua boca rachada. Morro quando sinto saudade de te sentir em mim, e morro por não poder te ter, dia sim e outro também. E essa é a maior prova de que você foi, realmente, um divisor de águas - eu morro de medo de morrer, mas morro constantemente por você.