remoção do cabaço
Não acho que alguém vá ficar lendo minhas mazelas, a não ser que eu faça a louca narcisista e divulgue nas redes sociais. Então vou escrever pra mim, pra me organizar e pra falar: toma mundo!!! Engole meu drama!
se acordar nada significa;
se meus devaneios perduram até o meio dia,
e a partir de lá
sou pó.
Sou lembrança de uma alma que viveu,
cicatrizes de um corpo que despenca.
Sou memória,
e sombra do meu próprio ser.
Sou aquele que não terá;
não mais pensará;
se resignará aos rumos
do destino que me foi legado.
Sou destinado a um caminho
de farpas que mutilam
meus pés que não se deitam
em cama sozinha ou de casal.
Sou fadiga, sou o tempo -
não o tempo que virá,
mas o tempo que se foi
arrastado, como meu cotovelo
em parede de chapisco.
Não sou efêmero, vês:
eu perduro, com pálpebras pregadas
para que me façam presenciar
o dissabor que me é ser.
Sou o medo que sinto quando
acordo de um sonho mediano
fadado a sobre(viver).
Maria Teresa Gonçalves
Pra remover o famigerado cabaço, tem que ter classe e pompa. Vou começar pelo meu melhor poema até o momento presente, e com um reclame informativo: esse poema é inspirado por Álvaro de Campos, heterônimo maravitop de nosso amado Fernando Pessoa. Mais especificamente em seu terceiro momento, simesmista e intimista, ainda assim com aquela pitada generosa de bad mortal.
Eu deveria estar estudando química e biologia, beijos.
Sobre(viver)
E de que adianta acordarse acordar nada significa;
se meus devaneios perduram até o meio dia,
e a partir de lá
sou pó.
Sou lembrança de uma alma que viveu,
cicatrizes de um corpo que despenca.
Sou memória,
e sombra do meu próprio ser.
Sou aquele que não terá;
não mais pensará;
se resignará aos rumos
do destino que me foi legado.
Sou destinado a um caminho
de farpas que mutilam
meus pés que não se deitam
em cama sozinha ou de casal.
Sou fadiga, sou o tempo -
não o tempo que virá,
mas o tempo que se foi
arrastado, como meu cotovelo
em parede de chapisco.
Não sou efêmero, vês:
eu perduro, com pálpebras pregadas
para que me façam presenciar
o dissabor que me é ser.
Sou o medo que sinto quando
acordo de um sonho mediano
fadado a sobre(viver).
Maria Teresa Gonçalves
Nossa, achei magnífico! ❤
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