uma ode à solteirice
Alooooooka, Brasil. Minha criatividade tá jorrando como águas do rio São Francisco!!!! Assim que é bão, post novo todo dia para o meu leitor X, muito provavelmente um fantasma da minha imaginação. E o conto de hoje, por razões afetivas, é inspirado em uma pessoa que eu amo demais da conta. Que a gente se ame mais todos os dias,
PQ NÓIS E DEMAIS
CONTO DE FADAS
Saí da casa dos meus pais aos 25 anos. Desde então, moro sozinha em um apartamento perto do escritório onde trabalho. Paredes brancas, sofá cinza, móveis de madeira escura. Alguns ímãs na geladeira, alguns livros na mesa de centro. O clássico apartamento de gente solteira, que mais se preocupa em concluir o trabalho antes do deadline do que em achar um marido, namorado, peguete ou qualquer outra denominação para parceiro afetivo. Despensa sempre vazia, uma escova de dente, dois travesseiros - um para a cabeça e um para colocar entre os joelhos -, adega sempre cheia, cinzeiro na varanda sem plantas, sala de estar estática, do jeito que a organizei quando me mudei.
Muito se assemelhava minha casa ao meu coração. Visitas esporádicas, mas nenhuma que causasse grandes metamorfoses na minha estrutura. E assim levei a vida, por bons doze anos. Uma vida impessoal, uma tela vazia, um propósito raso e ambições banais.
Até que um dia comprei uma manta vermelha. Coloquei atravessada no meu sofá, junto com algumas almofadas novas. Troquei de tapete. No lugar do antigo, agora sentava majestoso no chão de madeira um tapete baunilha com listras azuis e amarelas. Aposentei meu rack e minha televisão, o primeiro agora amarelo e maior, e o segundo com mais polegadas, mais caro e mais propenso ao uso. Na mesa de centro, um vasinho agora abraçava um ramo de lavandas. A geladeira, por outro lado, agora emergia de um mundo de sombras. Prateleiras cheias, aconchegantes e opulentas.
Há quem se engane. Eu ainda não casei, não me apaixonei, não divido meus dois travesseiros. Fato é que: aprendi a me amar. Em certo ponto da minha vida, minha companhia passou a bastar. Minha vida passou a ter significado, minha casa passou a ser lar.
Maria Teresa Gonçalves
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