ISSO É TÃO MELODRAMÁTICO - V

                                      Season 6 episode 7: "The Post-It Always Sticks Twice":

Alô, alô, meu Brasilzão! Rebecca is back! Depois de um grande hiato e um grande bloqueio criativo, a jornada dessa crônica teve sua continuidade. Hoje é dia de abandonar a trouxisse, tirar as mágoas do varal, levantar da cama e viver a vida que segue!
TUTS TUTS QUERO VÊ

The great sofrência

Andando de um lado para o outro da sala de jantar, pensei em todas as formas das quais poderia ter evitado certas catástrofes:
a) Ficando no Rio de Janeiro, já que os males não desciam a serra.
b) Utilizando meus olhos de lince para reparar na presença de alianças, não na barba malfeita e no sorriso de lado.
c) Duvidando da capacidade de amadurecimento dos homens. Se fez merda anos atrás, por que diabos não faria de novo?
d) Parando de ser imbecil e desistindo de achar o 'perfect match'.
Tudo estava fora do lugar naquele momento. Meu timing, ridículo como sempre. Nenhuma foda boa -espetacular - era capaz de atenuar meu asco. Não somente por ter sido a amante, mas por não me arrepender e não me sentir infeliz pela coitada da esposa, ainda que passados 31 dias do fatídico dia. Minha necessidade de aprovação e de me sentir desejada falava mais alto do que minha dignidade e auto preservação. E que ódio me dava estar submissa à sensações tão vulgares e adolescentes. Decidi, rondando a mesa de vidro, que minha vida toda iria ser repaginada. Junto com meu armário. E minha despensa. E eu compraria um cachorro. E cortaria o cabelo, no ombro.

- Alô... Ju? É a Rebecca! - disse com a empolgação de um defunto.
- Rê? Você sumiu! Tá em São Paulo?
- Sim! Voltei tem uns meses... Me bateu uma saudade da época de escola, Ju. Você tá ocupada?
- Acabei de deixar a Luíza na escola, quer tomar um café? - ouvi o barulho de motor no fundo.
- Quem é Luíza?
- Minha filha! Fez 3 anos semana passada! - meu mundo caiu.
- Não creio! - silêncio mortal - Ju! Que evolução! Você tá 'adultando' melhor do que eu...
- Que bad, amiga! Onde você tá morando?
- Com a Manu!
- Em cinco minutos tô aí! Beijo.
Encarei o celular com olhos arregalados. Minha colega de escola e grande amiga com uma filha de três anos e eu planejando uma fossa que incluía gastar boa quantidade do meu dinheiro.
Corri para achar meus sapatos e abotoei a calça, voando para fora do apartamento. Ao chegar na portaria, Júlia estava indo se reconhecer para o porteiro no que eu gritei histericamente.
- JÚUUUUUUUU, QUE LINDA VOCÊ TÁ! - abri um sorriso enorme para o aspecto maduro que as feições da minha amiga agora adquiriram. Saindo do prédio, a abracei saudosa.
- Rê, você tá uma gata também! Vamos colocar o assunto em dia, pelo amor de Deus!

Depois de 3 taças de vinho, em plena quinta-feira às 16h30, me pendurei em cada palavra da mulher que sentava de frente para mim, após uma série de desabafos.
- Rebecca, não é porque eu estou casada e com uma filha que você tem que seguir o mesmo caminho! Porra, eu sempre fui a mais careta da nossa turma, é óbvio que eu estaria assim agora. Mas você e a Manu eram mais imprevisíveis, impetuosas. E bom pra vocês! Eu não viajo mais, não faço sexo com tanta frequência, e minha rotina é uma merda. Eu odeio limpar cocô, vômito, e odeio acordar todos os dias três horas da manha com a Luíza chorando feito uma descompensada. Amadurecer rápido tem um preço alto! Aproveita sua vida, Rê. Para de sofrer por tudo, olha pelo lado positivo! - me olhou com os olhos compreensivos que só mães tem. - E esse Rodrigo, ele é um merda. Você não tem nada a ver com a falta de caráter dele, meu. E já que não tem volta para a sociedade de vocês, é só ignorar! Finge que ele não existe, e se eu fosse você ainda competiria a clientela com ele. E meu maior conselho pra você agora é não fazer merda. Rebecca, você não sabe nem aguar planta, quem dirá comprar um cachorro! Para de ficar caçando amor, tudo tem seu tempo.
- Ai, Jú, que bom ter você. Desde o colégio você sempre era a mais sensata, lembra? Aquela vez que eu virei emo... - rimos juntas e de mãos dadas.
- Vamos, Rê. Quero conhecer seu escritório e seu apartamento. Cadê a Manu, você tá traindo ela comigo?
- Cala a boca, Jú! - disse dando risada. - Ela tá salvando vidas.

Maria Teresa Gonçalves

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