ISSO É TÃO BLACK MIRROR

                                                                      



Ai meu deolsssss, que realidade deturpada. Que metalinguagem mais escrota, Maria Teresinha! Você ai falando de celular, internet, tecnologia, NA FRENTE DE UM COMPUTADOR. Sua hipócrita!!!!!1111!!!!!onze!
OH MY GOD
Apresento a vocês o meu grande amigo, ócio criativo. Ontem eu fui criativa suficiente pra escrever uma crônica INTEIRA falando de uma porta, e hoje eu não consigo nem fazer poeminha de amor e tô copiando uma crônica que eu fiz de dever de casa.
Mas é aquele ditado: a vida tem dessas.

The not-so-Unexpected Journey

   Todos viveram, estão vivendo, ou ainda viverão um dia em que você acorda para ser estapeado pela vida. E esta foi a máxima que o meu destino adotou fervorosamente em um belo e ensolarado sábado de Maio. São sábados assim que você, no final do dia, deseja ter morrido durante o sono. Voltando ao ponto, era um dia especial - voaria para São Paulo a fim de assistir uma palestra que tive a honra de ser convidada, e que aconteceria na segunda-feira. Iria me hospedar na casa de uma amiga, a mesma que me buscaria às 16h30 no aeroporto de Congonhas. 
   Ainda em casa, chamei um táxi com antecedência, malas prontas e tudo nos devidos lugares. Foi então que começou meu inferno astral: pancadas de chuva, trovoadas e buzinas na rua. No mesmo instante, fui interfonada da portaria para ser avisada de que meu carro havia chegado. Agradecendo mentalmente e de olho no aplicativo do clima, fui para o elevador. Ao som do barulho frenético do meu dedo no touch screen, o elevador desceu, desceu e parou. Me custou 5 minutos para perceber e então sair do mesmo. Colocando meu aparelho no bolso, corri para o táxi amarelo carioca e cumprimentei o motorista, recebendo em retorno uma onomatopéia e o mesmo 'tec, tec, tec' ao qual estamos acostumados. Em uma estratégia barata para poupar a bateria do meu celular, o resultado para minha tentativa desesperada de conversa foi um monólogo maçante. Quando enfim cheguei no meu destino final, agradeci o senhor bigodudo em vão e efetuei o pagamento.
   Para o meu dissabor, por causa da chuva que assolava a Cidade Maravilhosa, a energia do aeroporto havia caído, o que não foi de tudo um problema, já que as luzes que centenas de displays emitiam compensavam a falta total de iluminação. Corri para o meu portão carregando somente uma bolsa de mão e fui avisada de que o vôo atrasaria por volta de 15 minutos. Tateei o bolso da calça que estava usando e meu mundo despencou. O inevitável me atingiu: perdera meu celular. Um desespero incomparável e suor gelado me acometeu, e minha base tremeu. Fui para o banheiro lavar o rosto e assimilar a situação. Me vendo no espelho, vi na minha expressão de pânico que as esperanças do dia caíram por terra e tive vontade de sentar no azulejo sujo, chorando até a morte no ambiente caótico e apinhado de selfies que era o banheiro feminino.
   No mesmo lugar, ainda em transe, as luzes voltaram e minha decolagem foi avisada nos auto-falantes. Me rastejei até os portões e segui o protocolo até entrar no avião. No minuto em que sentei, fui levada pelo hábito a procurar meu dispositivo, sendo novamente massacrada pela dura realidade. Desassossegada, me dopei de Dramins e fui embalada pelo sono. Acordei com o olhar sereno da comissária de bordo, que claramente não havia perdido o celular em nenhum evento recente, me oferecendo lanches de procedência duvidosa. Recusei polidamente, e perdi o olhar na janela do avião que começava a me enausear.
   Subitamente, sem aviso prévio e preparo psicológico, o avião arremeteu. Grudei no assento com a certeza de que meu coração havia permanecido nos quilômetros anteriores. Alguns terríveis minutos depois, o comandante nos avisou que devido aos imprevistos e problemas técnicos, pousaria em Guarulhos. Naquele momento e pela vigésima vez no dia, quis parar de respirar ou enfiar qualquer objeto afiado no meio da testa. Não tinha como avisar Manuela da mudança de rota, até porque todos os meus contatos estavam no meu celular. Arquitetei um plano mequetrefe, que consistia em pegar um táxi até Congonhas e encontrar minha amiga. Como esperado da minha bipolaridade, resolvi ir direto ao apartamento da moça, com o advento de alguns minutos de antecedência. Me lamentei durante todo o trajeto para o motorista, que se recusou a imaginar o absurdo de perder seu smartphone.
   Ao chegar no edifício, me reconheci para o porteiro esperando o pior: ela já saíra de casa e eu gastei dinheiro à toa me deslocando até a zona Oeste. Mas, surpreendentemente, não foi o que aconteceu. Fiquei fula da vida quando o senhor me disse que ela não tinha saído do apartamento. No exato minuto em que recebi aquela informação, eu já teria chegado em Congonhas, plantada há bons 75 minutos em que fiquei parada no trânsito paulista chorando para um desconhecido que enquanto não trabalhava, e até mesmo trabalhando, se divertia mandando vídeos inúteis no grupo da família. Subi o elevador reparando em todos os botões até chegar na porta do apartamento da bendita, para ser atendida por uma mulher descabelada terminando uma fase do candy crush.

Maria Teresa Gonçalves

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