AND HAPPINESS ARRIVES



Primeiro texto feliz do blog, OI?????????? Hoje tô vibes 'carpe diem', a vida é muito curta pra chorar as pitangas com textos melancólicos. Sendo assim, daaaaaaaale vitamina D nessa carta de amor, escrita com caneta roxa e coração no lugar dos pingos dos Is.

''E queixas só dá rugas. E o vento seca, amor enxuga.''
Leiam ouvindo 'Teus Olhos - Ivete Sangalo, Marcelo Camelo'.

                                                                                                                                     Ouro Preto, 19 de agosto de 2005
                      Flávio,

      Eu acabei de sair da faculdade, e tô sentada no nosso banco da pastelaria que agora cheira a suco de laranja. O Válter até comentou da minha expressão inquieta, daquele jeitão dele. Fritou um pastel no capricho, porque 'moça bonita fica mais bonita mastigando'. Eu estou mastigando, pingando gordura na folha bonita que comprei pra você, e ainda estou inquieta. Eu quero te dizer umas coisas, mas não precisa sofrer em antecipação, não vou terminar com você.
    É que eu mudei, mas eu sempre vou amar o cheiro que o banheiro fica depois que você toma banho. Eu não sou mais a mesma, tô procurando coisas diferentes, mas meu maior achado foi teu rosto pidão quando quer que eu levante pra apagar a luz do quarto.
    Eu mudei, e você ainda guarda suas cuecas do mesmo lado da gaveta, coloca faca no lugar da colher, dorme de meia no verão, usa minha toalha de banho e minha escova de dente, toma banho no quarto da empregada pra não me acordar de manhã, coloca ketchup no feijão, dorme assistindo discovery channel, assobia pelo vão pequenininho entre os seus dentes da frente, me chama de trongolinha, chora comigo assistindo 'Spirit - o corcel indomável', bebe leite com goiabada quando sua vó traz o doce embalado em papel alumínio... E você ainda me olha do mesmo jeito apaixonado. O jeito apaixonado que me retorce o estômago desde o dia em que eu te conheci, na pastelaria do Válter.
    O Válter também não mudou. Ele ainda usa aquele pano velho no ombro, aquele avental encardido, aquele óculos que mais ofusca a visão do que a melhora. Ainda me chama de moça bonita, Renata Ingrata, e ainda fala que eu vou me casar na pastelaria dele.
    E a vida é um ciclo interminável, trongolinha. O nosso começou aqui. Nesse banco que eu sento e me sinto cheia de felicidade por dividir com você tanta coisa. Você me ensinou tanto, Flávio. Eu não sou melhor, nem pior, ao seu lado - sou uma trongola incurável, a pessoa que explode de amores por você todos os dias, mesmo acordando com o ranger da porta do banheiro da empregada, mesmo acabando por pegar uma faca quando procurava uma colher, mesmo enroscando meu pé nas meias que você tira no meio da madrugada, mesmo usando escova e toalha molhadas, mesmo acordando assustada com os Mythbusters as terças e quintas, mesmo recebendo um banho de saliva quando você assobia pelo dente, só pra me chamar de 'linda, mais linda da Via Láctea', mesmo bebendo água de um copo impregnado com o cheiro de goiaba, mesmo não te olhando do mesmo jeito apaixonado que eu costumava ter.
    Isso não é uma despedida. É um até logo. Eu volto pra você quando eu me amar um pouco mais do que eu amo você. E vai ser difícil, mas vai ser breve. Porque o amor que sinto por você é astronômico, e me amar nessas mesmas proporções não é tão fácil quanto seu sorriso sincero. Mas a vontade de voltar e comer um pastel com você no Válter é mil vezes maior.
    Da sua, sempre sua,                        
                                                                                                                                                  Renata Ingrata.

Maria Teresa Gonçalves

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